sábado, 15 de novembro de 2008

Alopecia - Queda de cabelo

Alopecia
A alopecia pode dever-se a várias causas e, cabe ao médico de família, fazer a sua abordagem inicial no sentido de investigar a sua etiologia. Deverá estar apto a fazer o aconselhamento do doente e instituir a terapêutica das formas mais comuns.
Ciclo de Crescimento do Cabelo
Os cabelos crescem de uma forma cíclica que se pode dividir em três fases:
1. Fase de crescimento (anagénica)
2. Fase de involução (catagénica)
3. Fase de repouso (telogénica)
No couro cabeludo saudável 90 a 95% do cabelo está na fase de crescimento, menos de 1% está em involução e 5 a 10% está em repouso. Este ciclo é regulado por mensagens complexas entre o epitélio e a derme, mas o mecanismo ainda não está bem esclarecido. Os folículos podem aumentar ou diminuir de tamanho devido a factores locais ou sistémicos que alteram a duração da fase de crescimento e o volume da matriz pilosa.
Queda do Cabelo
Diariamente podem cair até 100 cabelos da fase telogénica e um número semelhante de folículos entra na fase anagénica, o que leva a uma renovação total dos cabelos cada 3 a 5 anos. A queda dos pêlos designa-se por eflúvio e a condição dela resultante por alopecia. A alopecia divide-se em cicatricial e não cicatricial. A alopecia não cicatricial é reversível pois os folículos mantêm-se viáveis. Na alopecia cicatricial há sinais de inflamação tecidual, cicatrização ou atrofia da pele o que a torna uma situação irreversível. No quadro I indicam-se as várias causas de alopecia:
Quadro I
Causa de alopecia


ALOPECIA NÃO CICATRICIAL

Androgénica
Alopecia areata
Eflúvio telogénico
Eflúvio anagénico
Tricotilomania
Alopecia de tracção
Sifílis
Hipotiroidismo
Hipertiroidismo
Mal nutrição
Ferropenia
Tinha do couro cabeludo
Pós-gravidez
Lúpus Eritematoso Sistémico
Medicamentos
Infecções

ALOPECIA CICATRICIAL
Agentes físicos
Queimaduras
Radiações
Infecções
Neoplasias
Doenças do tecido conjuntivo
Pseudopelada
Defeitos congénitos
Lúpus Eritematoso Discóide

Alopecia não cicatricial
As alopecias mais comuns na prática clínica são a androgénica e areata. Qualquer uma delas é de difícil aceitação pela parte do paciente e gera grande ansiedade.
Alopecia Androgénica
É uma forma de calvície com perda de cabelos induzida por acção dos androgénios sobre os folículos pilosos do couro cabeludo em indivíduos com predisposição genética e tem maior incidência no sexo masculino. Tem início após a puberdade, geralmente entre os 12 e os 40 anos. No padrão masculino a perda de cabelo tem início nas regiões parietais e leva ao aparecimento de uma reentrância em forma de "M". Posteriormente pode também surgir uma área de alopecia no vértex. Nas formas extensas a permanência de cabelos pode limitar-se às zonas laterais e posteriores do couro cabeludo. A alopecia no sexo feminino pode também seguir este padrão e nestes casos deve pensar-se em aumento de androgénios e pesquisar outras alterações sugestivas desse aumento. No padrão feminino a alopecia é mais difusa e geralmente menos intensa. As regiões central e frontal são as zonas mais atingidas.
Alopecia Areata
Caracteriza-se por uma perda de cabelo em áreas localizadas com um padrão circular ou oval e de limites bem definidos. A etiologia é desconhecida mas pensa-se que estejam envolvidos processos auto-imunes contra os folículos pilosos. Tem uma incidência igual nos dois sexos e atinge sobretudo adultos jovens e crianças. Podem coexistir alterações distróficas das unhas. A evolução é variável, pode ocorrer reaparecimento espontâneo dos cabelos ou, mais raramente, vão sempre surgindo novas áreas de alopecia até à calvície total. As recorrências são comuns. São indicadores de prognóstico desfavorável a alopecia total antes da puberdade, a existência de distrofias ungueais, os episódios repetidos e a confluência das lesões na região occipital.
A alopecia não cicatricial pode ainda dever-se a doenças sistémicas, infecções, alterações metabólicas ou uso de medicamentos, nomeadamente anticoagulantes varfarinicos, b-bloqueantes (metoprolol, propanolol), enalapril alopurinol, antitiroideus, glibenclamida, amiodarona e agentes antineoplásicos.

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